VW Karmann-Ghia Coupé – «One VW a day, makes the day»

VW Karmann-Ghia Coupé

Caraterísticas técnicas:

Modelo: VW Karmann-Ghia Coupé
Ano: Fevereiro/1963
Cilindrada: 1192 cm3
Potência: 34 cv
Aceleração: 0-100km aprox.30seg. (quanto mais devagar, mais dura o prazer)
Velocidade máxima: 120 km/h (igual ao máximo permitido pela república)
Caixa de velocidades: 4 velocidades + m.a.
Transmissão: Traseira (obviamente: tração dianteira é como burro a puxar carroça. Só os carros bons tem motor e tração traseira: Porsche 911, Ferraris, Fórmula 1).
Observações: Consumo médio de 7,5 L/100km, pneus nacionais CAMAC 560×15 diagonais ou KUMHO 155R15 radiais (ambos averbados). Não usa água no motor, usa apenas 2,5 litros óleo 15W40 no cárter, tem filtro de ar reutilizável.

VW Karmann-Ghia Coupé

My philosophy is «One VW a day, makes the day», «One woman, many cars», «few car, more miles», «old cars never die, just cruise in life», «VW is forever!», «rust is life», «no seatbelts, i believe in God», «I have rust inside my heart», «motor oil is man parfum», «old cars, better cars», «fuck plastic, drive steel», «diesel kills», «old car, new life», «better new girl in old car, than old woman in a new car», «I love slow cars, but fast women», etc… Need more? Get a life, with rust and oil.

A minha paixão dos carros surgiu logo de infância. O meu avô materno acompanhou o início do séc. XX com um táxi ainda no tempo dos calhambeques, novos modelos foram acompanhando os tempos, e eu tendo nascido em 1966 ainda andei bastante num Dodge Coronet, de banco corrido à frente e mudanças ao volante. Ficou-me desse tempo a paixão pelos cromados e carros a sério, daqueles que duram e não precisam de plástico para fingir qualidade. Mais tarde, na adolescência, a família, como tantas outras, optou por Volkswagens, o carro que só se precisa comprar uma vez, pois dura e serve, útil sempre. Muito tempo tivemos um VW 1300 de 1972, e um VW 412LS, 80 cv de um 1776 cm3 a carburadores Solex. Depois, tinha eu em 1989 vinte e três anos, quando vi pela primeira vez este coupé em Cascais. Foi vendido para um stand em São Pedro do Estoril, e quando comecei a trabalhar consegui comprá-lo em 1991. Foi a compra certa. Que outro carro económico seria possível comprar em 1991 que suscite ainda tanto sucesso em 2014? Restaurado em 1995, usado no meu casamento em 1997, cumpre uma identificação minha com este exemplar, o resultado de um claro comprometimento com a qualidade e o valor estético da imagem. É um carro que combina utilidade, simplicidade e estética de um modo muito adequado, à imagem da minha visão pessoal da vida: simplicidade e estilo, qualidade e modéstia, valores que persistem, 23 anos depois da compra, num carro que perfaz agora 51 anos. Volkswagen Karmann-Ghia, um carro para a vida, um carro bom para uma vida ainda melhor.

VW Karmann-Ghia Coupé


 

Um Volkswagen por dia, dá vigor e alegria!

«Não é um carro, é um Volkswagen!» Esta enigmática frase diz tudo. Uma experiência de mobilidade alternativa, diferente de todas as outras marcas, num tempo em que as estratégias construtivas de veículos se diferenciavam de modo consistente. Um Karmann-Ghia é facilmente entendido como um carro excecional, pois conjuga o melhor dos vários mundos: uma base mecânica sólida e comprovada Volkswagen, um design italiano por Luigi Segre (primeira série em 1955) e estúdios Ghia, e construído pelo carroçador Karmann de Osnabruck. O resultado é uma síntese de qualidade artesanal alemã, estética italiana e solidez germânica. Neste modelo de 1963 encontramos já o resultado da segunda série, com grelhas ventiladoras dianteiras de maior tamanho, farolins traseiros mais visíveis e uma imagem geral afinada de subtil modo que gera uma graciosa escultura sobre rodas, sedutora imagem intemporal que permanece atrativa mesmo 51 anos após o seu fabrico.

VW Karmann-Ghia Coupé

Em termos de motor, ao longo dos anos a motorização foi sempre acompanhando a evolução mecânica dos carochas. Assim, o motor é exatamente igual, exceto no jato do carburador, de medida acima, para dar maior velocidade de ponta. É essa a razão pela qual um Karmann-Ghia anda mais 10 km/h que um carocha, e não pela diferente aerodinâmica… Aliás, o coupé é mais pesado que o carocha… Também o filtro do ar é específico do Karmann-Ghia, com tubo para posição lateral, visto ter menos espaço sobre o motor. A bateria encontra-se ao lado do motor e não debaixo do banco traseiro, que toma a forma de uma simples banqueta. Os bancos dianteiros têm maior largura do que num carocha, pois a carroçaria é mais larga, não existindo estribo exterior. Assim, também a plataforma do chassis é ampliada lateralmente (a mesma situação se verificou posteriormente na criação do Brasilia e Tipo3). O depósito de gasolina é abastecido abrindo o capot dianteiro, sendo facilmente acessível pela dianteira e não com portinhola lateral exterior como nos carros modernos, que implicam ter de usar apenas a bomba de um dos lados… No interior, o tablier é minimalista, com poucos mas essenciais comandos, e três mostradores VDO. Um pequeno central com o indicador de gasolina, por boia, não elétrico, à prova de avarias, e dois mostradores maiores. Um, simplesmente igual ao de outro simples carocha, o outro, um enorme relógio. Conta rotações não precisa, pois apenas 3800 rpms são facilmente entendidas pelo ouvido. Um carro antigo não se conduz com eletrónica, conduz-se com os cinco sentidos. A visibilidade exterior é absoluta, com finos pilares de suporte ao tejadilho, ao contrário de tantos modelos atuais, de volumosos pilares opacos.

O mais marcante deste carro não é o carro, é a possibilidade que ele tem de criar sonho, de suscitar desejo, de fazer-nos sonhar um mundo melhor, mais belo, mais simples, mais verdadeiro. De facto, um carro excecional é isso, é um dinamizador de sonhos. Quando em 1991 o comprei, poucos existiam em condições de circular. Depois de restaurado em 1995 muitos têm sido os Karmann-Ghia que voltaram á estrada, seja por recuperados de longo esquecimento, seja por reconstruções, mais ou menos complexas e demoradas. Este exemplar estimulou inúmeros restauros nacionais. Participei em rallies de clássicos, em passeios turísticos pelo país todo, do Minho ao Algarve, em exposições, em viagens, em tantos kms vividos com intensidade que percebemos repentinamente que não é o carro, é a vida que o carro nos alcança, que nos faz vibrar por dentro, quando acordam os eternos 34 cv que nos empurram suavemente, ronronando pela estrada da vida. E o futuro pode ser um lugar melhor, suportado pela fiabilidade e certeza dos carros do passado, para um presente mais completo e equilibrado. Querem um futuro melhor? Procurem carros do passado, e descubram os fundamentos de um futuro mais sustentável.

 O proprietário:

Miguel Brito

Miguel Brito